Dúvida frequente entre os pais.
Tratando-se de um prematuro, as consultas provavelmente já estão ocorrendo desde a UTI NEONATAL pelo risco de Retinopatia da Prematuridade. Esta doença, por mais que 80% das vezes evolua com bom prognóstico (boa visão), pode ocasionar cegueira se não diagnosticada e tratada no momento certo. Nestes casos, tanto o pediatra quanto o próprio oftalmologista já orientarão a família a acompanhar o desenvolvimento visual do bebe em consultas de rotina com oftalmologista de 6 em 6 meses.

Já nas crianças nascidas de 9 meses, sem complicações no momento do parto e durante a gestação, o QUARTO mês é uma boa pedida. Nessa idade já conseguimos fazer uma consulta completa: 1.avaliar o quanto cada olho enxerga; 2. Diagnosticar se há má formações congênita; 3. Avaliar movimentação dos olhos e assim perceber se há estrabismo (“olhinhos vesgos”); 4. Avaliar estruturar internas do olho pelo mapeamento de retina; e 5. Quantificar com exatidão se a criança precisa iniciar uso de óculos.
Mas, e porque tanto exame?

Em nosso cotidiano utilizamos a nossa visão constantemente, e ela só termina de ser produzida próximo aos 7 anos de vida. A visão de uma criança se iguala a de um adulto entre os seus 2 a 5 anos de vida. Uma boa visão observada pelos pais não garante que os dois olhos estão se desenvolvendo igualmente. E ai corre o risco de um dos olhos nunca mais conseguir se desenvolver corretamente após os 7anos de vida, ou seja um sequela que poderia ser facilmente revertida no tempo certo se descoberta e tratada adequadamente com um oftalmopediatra. Isso incapacita a criança, na vida adulta, de seguir sonhos de ser piloto de avião, trabalhar com microscópios, NASA, entre outros. E dependendo do caso, até a percepção de filme 3D a criança não tem.

São muitas as causa que não permitem os olhos a se desenvolver simetricamente, desde um grau maior em um dos olhos, até uma lesão numa estrutura nobre chamada macula. A famosa catarata também pode ser encontrada em crianças e normalmente nelas chamamos de cataratas congênitas. Os famosos “olhinhos vesgos” também são preocupantes na formação assimétrica entre os olhos. Estes precisam de acompanhamento frequente, de 3 em 3 meses por além de poderem ocasionar ambliopia (uma visão ruim em um dos olhos) podem também não permitir a visão simultânea dos olhos quebrando a interpretação das imagens a nível cerebral (esteriopsia).

Um outro perigo, muito mais grave e felizmente menos frequente se chama RETINOBLASTOMA. O retinoblastoma aparece geralmente sem sintomas em crianças na faixa etária de 18 meses. É um tumor maligno (câncer) que frequentemente leva a morte se não diagnosticado a tempo de salvar a vida da criança. Sim, a vida. Muitas vezes há necessidade de enucleação (remoção dos olhos cirurgicamente) quando não somente de um, mas dos 2 olhos por acometimento dos dois olhos, na tentativa de permitir que a criança viva.

Lembrem-se, a criança menor de 6 meses já responde aos estímulos do médico experiente nesse ramo, convém paciência, atenção e estimulo certo.

Anote ai:
# As consultas devem ser frequentes (6 em 6 meses até os 4 anos e anual até os 8 anos). OS OLHOS SÓ TERMINAM A SUA FORMAÇÃO PRÓXIMO AOS 7 ANOS. MESMO QUE UM OLHO SUPRA AS NECESSIDADES DIÁRIAS, NÃO QUER DIZER QUE OS 2 OLHOS ESTÃO SE DESENVOLVENDO IGUALMENTE.

Dra. Aline Rodrigues Fernandes de Oliveira.
Oftalmologista especializada em oftalmopediatria e estrabismo.
CRM-PR 26975